domingo, 25 de março de 2012

Cantigas de Amigo e uns biscoitos de avelã


Durante um tempo achei que esquecíamos os livros que líamos na escola porque os professores não os tornavam suficientemente interessantes e atractivos. Lembro-me de livros de total negregura, sabem os deuses como li Eurico o Presbítero e como fiquei a odiar The Catcher in the Rye. Acontece que no caso destes dois livros, os professores responsáveis por cada uma das disciplinas eram competentes e interessados. Não seria pois problema deles. Foi só mais tarde que percebi que o problema das leituras obrigatórias não era dos professores, podia ser dos livros, não tenho a menor dúvida, mas era acima de tudo do imperativo ‘Lê!’ Diz Daniel Pennac que o verbo ler não comporta o imperativo. Nada mais certo. Ainda hoje, mulher adulta, se me mandarem ler ou se tiver de ler por obrigação é um sacrifício, procrastino até à última, apetece-me invariavelmente ler outras coisas, mastigo as letras com enfado, e tenho digestões lentas e incomodativas.
Mas os livros que lemos na escola assaltam-me de vez em quando. Não os livros, mas frases soltas que me ficaram na memória. Estranhamente assaltam-me muito uns versos do Cesário Verde quando se me anoitece a alma e por aqui paira alguma soturnidade. Desta vez o que me assaltou foi um verso solto de uma cantiga de amigo. Terá sido há umas três décadas, mas fiquei com aquela sonoridade das ‘avelaneiras frolidas’, logo eu que nunca vi uma avelaneira. E isto tudo veio porque a receita desta semana do Dorie às sextas eram uns biscoitos de avelã. Podiam ser olhos de avelã, provavelmente a cor mais bonita de olhos, mas não. São sempre os livros que me cutucam.

Biscoitos de avelã e compota

Ingredientes
2 chávenas de avelã moída (comprei no Lidl)
1 chávena de farinha sem fermento
½ chávena de farinha com fermento
½ chávena de açúcar
175g de margarina
1 ovo
Doce de framboesa e de alperce ou a gosto

Preparação
Pré-aquecer o forno a 190º. Bater o açúcar com a margarina amolecida até ficar um creme esbranquiçado e fofo. Juntar o ovo e continuar a bater. Juntar a farinha misturada com a avelã moída.
Fazer bolinhas com a massa. Achatá-las e abrir uma cavidade no meio. Levar ao forno. Cerca de 5 minutos depois retirar os biscoitos do forno e reforçar a cavidade com um objecto de madeira, Usei um maço de madeira para esmagar as limas para a caipirinha. Levar ao forno cerca de 15 minutos mais. Retirar do forno e deixar arrefecer um pouco. Levar a compota ao lume o tempo suficiente apenas para derreter, não deixar ferver. Com uma colher de chá encher as cavidades dos biscoitos com o doce.
Estes bolinhos/biscoitos são muito fáceis de fazer e são deliciosos. A massa presta-se a variações e mesmo sem o doce são muito bons. Simples e despreocupados como eu gosto. Bailemos agora, por Deus, ai velidas.




16 comentários:

Ilídia disse...

Olá, Leonor. Percebo. Custa-me, mas percebo. Os meus alunos andaram a ler o Memorial do Convento. Grande parte, contrariados. Só espero que durante as aulas se reconciliem com a obra (é aí que eu entro :). Falo-lhes muitas vezes em Daniel Pennac. Principalmente, no que diz respeito ao direito de saltar páginas e de não acabar um livro.
Um beijo.
Ilídia
P.S.: Os biscoitos estão lindos.

Leonor disse...

Eu acho que é mesmo pela obrigação, embora não descarte totalmente outras hipóteses.
Os biscoitos são muito fotogénicos e deliciosos.
Beijinhos, Ilídia :)

Maria disse...

Leonor,como eu te entendo...
Quanto às bolachas, estão excelentes.
Beijo
Maria

Letrícia disse...

Gostei muito do texto. E o que dizer desses biscoitos tão lindos, né. Ai, ai.

Leonor disse...

Olá Maria :)
Os livros são terríveis quando se agarram a nós.
Beijinhos

Leonor disse...

Obrigada, Letrícia :)
Ficam bem na fotografia e são bons mesmo.
Beijinho

Cintinhazita disse...

Hmmmm que bom aspecto :)

Anónimo disse...

Lindos os teus cookies, são deliciosos. Quanto ao que falas sobre o ler concordo, ler os livros que me eram impostos na escola era uma obrigação e por vezes estudava apenas os resumos dados pelo professor, estranho isso pelo facto de adorar ler e devorar cada livro que leio, por isso a obrigação é a culpada eheh..beijocas e boa semana

De cozinha em cozinha disse...

É verdade, ler por obrigação tira-nos o gosto de ler. Despoja-nos do sentido de curiosidade de descobrir a próxima página. Tenho o "Eurico, o Presbítero" entre os livros "malditos", mas também outros cuja leitura iniciei voluntariamente sem conseguir acabar. Alguns talvez porque não era o tempo de os ler e guardo-os na estante certa de que chegará esse tempo.
Os biscoitos estão lindos e apetitosos.
Beijinhos

Receitas para a Felicidade disse...

Lindos, maravilhosos e acredito que... deliciosos assim como delicioso é o teu blog

beijinhos e boa semana!!

Inês Ginja disse...

Leonor, ficaram lindos!
E ler por obrigação é que custa, lembro-me disso da altura da escola. Ler tem de ser sempre com prazer e com vontade, sem imperativo.
Um abraço.

Leonor disse...

Que bom chegar aqui e ter tantos comentários :) Muito obrigada,meninas! Concordamos todas: ler por obrigação é terrível.
Quanto aos biscoitos já nem resta uma para provar mas quem provou aprovou.
Venha a próxima receita! Beijinhos a todas,

Ana disse...

Leonor: fantásticos os biscoitos, lindos, apetece-me trincar.
Quanto as leituras...nem sei como sou leitora quase compulsiva, quando aos 11 anos de idade tive que ler 'O Romance da Raposa', nunca mais peguei em Aquilino até hoje, não consigo. O que me valeu foi a minha avó, que mo ia lendo alto e comentava para si: 'Como é que fazem isto a uma criança!!' bjs

Ana

Leonor disse...

Pois, o problema com a leitura é a obrigação, uma parte do problema pelo menos :)
Beijinhos e obrigada pela visita

fantasma disse...

Mas sabes que eu no 10º (?) ando, mandaram ler nas férias da Páscoa a seca d' As Viagens na Minha Terra e Os Maias. As Viagens li a correr a história da Joaninha, Os Maias devorei em 5 dias - e depois não os cheguei a dar!
Há alturas em que o obrigatório até calha bem :)
Os biscoitos têm um aspecto fantástico, pena que não pude participar mas hei-de fazê-los mais tarde!

Leonor disse...

O obrigatório é um mal necessário e tem pelo menos a vantagem de nos dar a conhecer 'coisas' novas :) Os Maias em cinco dias é obra!!!!!
Beijocas docinhas