Durante um tempo achei que esquecíamos
os livros que líamos na escola porque os professores não os tornavam suficientemente
interessantes e atractivos. Lembro-me de livros de total negregura, sabem os
deuses como li Eurico o Presbítero e
como fiquei a odiar The Catcher in the
Rye. Acontece que no caso destes dois livros, os professores responsáveis
por cada uma das disciplinas eram competentes e interessados. Não seria pois
problema deles. Foi só mais tarde que percebi que o problema das leituras
obrigatórias não era dos professores, podia ser dos livros, não tenho a menor
dúvida, mas era acima de tudo do imperativo ‘Lê!’ Diz Daniel Pennac que o verbo
ler não comporta o imperativo. Nada mais certo. Ainda hoje, mulher adulta, se
me mandarem ler ou se tiver de ler por obrigação é um sacrifício, procrastino
até à última, apetece-me invariavelmente ler outras coisas, mastigo as letras
com enfado, e tenho digestões lentas e incomodativas.
Mas os livros que lemos na escola
assaltam-me de vez em quando. Não os livros, mas frases soltas que me ficaram
na memória. Estranhamente assaltam-me muito uns versos do Cesário Verde quando
se me anoitece a alma e por aqui paira alguma soturnidade. Desta vez o que me assaltou
foi um verso solto de uma cantiga de amigo. Terá sido há umas três décadas, mas
fiquei com aquela sonoridade das ‘avelaneiras frolidas’, logo eu que nunca vi
uma avelaneira. E isto tudo veio porque a receita desta semana do Dorie às
sextas eram uns biscoitos de avelã. Podiam ser olhos de avelã, provavelmente a
cor mais bonita de olhos, mas não. São sempre os livros que me cutucam.
Biscoitos de avelã e compota
Ingredientes
2 chávenas de avelã moída
(comprei no Lidl)
1 chávena de farinha sem fermento
½ chávena de farinha com fermento
½ chávena de açúcar
175g de margarina
1 ovo
Doce de framboesa e de alperce ou a gosto
Preparação
Pré-aquecer o forno a 190º. Bater o açúcar com a
margarina amolecida até ficar um creme esbranquiçado e fofo. Juntar o ovo e
continuar a bater. Juntar a farinha misturada com a avelã moída.
Fazer bolinhas com a massa. Achatá-las e abrir uma cavidade
no meio. Levar ao forno. Cerca de 5 minutos depois retirar os biscoitos do forno
e reforçar a cavidade com um objecto de madeira, Usei um maço de madeira para
esmagar as limas para a caipirinha. Levar ao forno cerca de 15 minutos mais.
Retirar do forno e deixar arrefecer um pouco. Levar a compota ao lume o tempo
suficiente apenas para derreter, não deixar ferver. Com uma colher de chá
encher as cavidades dos biscoitos com o doce.
Estes bolinhos/biscoitos são muito fáceis de fazer e são
deliciosos. A massa presta-se a variações e mesmo sem o doce são muito bons. Simples e despreocupados como eu gosto. Bailemos agora, por Deus, ai velidas.
16 comentários:
Olá, Leonor. Percebo. Custa-me, mas percebo. Os meus alunos andaram a ler o Memorial do Convento. Grande parte, contrariados. Só espero que durante as aulas se reconciliem com a obra (é aí que eu entro :). Falo-lhes muitas vezes em Daniel Pennac. Principalmente, no que diz respeito ao direito de saltar páginas e de não acabar um livro.
Um beijo.
Ilídia
P.S.: Os biscoitos estão lindos.
Eu acho que é mesmo pela obrigação, embora não descarte totalmente outras hipóteses.
Os biscoitos são muito fotogénicos e deliciosos.
Beijinhos, Ilídia :)
Leonor,como eu te entendo...
Quanto às bolachas, estão excelentes.
Beijo
Maria
Gostei muito do texto. E o que dizer desses biscoitos tão lindos, né. Ai, ai.
Olá Maria :)
Os livros são terríveis quando se agarram a nós.
Beijinhos
Obrigada, Letrícia :)
Ficam bem na fotografia e são bons mesmo.
Beijinho
Hmmmm que bom aspecto :)
Lindos os teus cookies, são deliciosos. Quanto ao que falas sobre o ler concordo, ler os livros que me eram impostos na escola era uma obrigação e por vezes estudava apenas os resumos dados pelo professor, estranho isso pelo facto de adorar ler e devorar cada livro que leio, por isso a obrigação é a culpada eheh..beijocas e boa semana
É verdade, ler por obrigação tira-nos o gosto de ler. Despoja-nos do sentido de curiosidade de descobrir a próxima página. Tenho o "Eurico, o Presbítero" entre os livros "malditos", mas também outros cuja leitura iniciei voluntariamente sem conseguir acabar. Alguns talvez porque não era o tempo de os ler e guardo-os na estante certa de que chegará esse tempo.
Os biscoitos estão lindos e apetitosos.
Beijinhos
Lindos, maravilhosos e acredito que... deliciosos assim como delicioso é o teu blog
beijinhos e boa semana!!
Leonor, ficaram lindos!
E ler por obrigação é que custa, lembro-me disso da altura da escola. Ler tem de ser sempre com prazer e com vontade, sem imperativo.
Um abraço.
Que bom chegar aqui e ter tantos comentários :) Muito obrigada,meninas! Concordamos todas: ler por obrigação é terrível.
Quanto aos biscoitos já nem resta uma para provar mas quem provou aprovou.
Venha a próxima receita! Beijinhos a todas,
Leonor: fantásticos os biscoitos, lindos, apetece-me trincar.
Quanto as leituras...nem sei como sou leitora quase compulsiva, quando aos 11 anos de idade tive que ler 'O Romance da Raposa', nunca mais peguei em Aquilino até hoje, não consigo. O que me valeu foi a minha avó, que mo ia lendo alto e comentava para si: 'Como é que fazem isto a uma criança!!' bjs
Ana
Pois, o problema com a leitura é a obrigação, uma parte do problema pelo menos :)
Beijinhos e obrigada pela visita
Mas sabes que eu no 10º (?) ando, mandaram ler nas férias da Páscoa a seca d' As Viagens na Minha Terra e Os Maias. As Viagens li a correr a história da Joaninha, Os Maias devorei em 5 dias - e depois não os cheguei a dar!
Há alturas em que o obrigatório até calha bem :)
Os biscoitos têm um aspecto fantástico, pena que não pude participar mas hei-de fazê-los mais tarde!
O obrigatório é um mal necessário e tem pelo menos a vantagem de nos dar a conhecer 'coisas' novas :) Os Maias em cinco dias é obra!!!!!
Beijocas docinhas
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