Duas pessoas. Dois carácteres,
duas personalidades, duas perspectivas de vida, dois passados, um presente e a
esperança de um futuro comum, e dois palatos diferentes. Em poucas palavras e
de forma bem abreviada a vida a dois pode ser isto. Acontece que a minha vida a
dois não sendo muito diferente das demais na forma é também isto. Ao longo do
caminho os palatos aproximam-se, contudo os gostos que já trazemos das vidas
trilhadas a um mantêm-se, regra geral. Continuo a gostar de peixe, a apreciar
as sobremesas simples da minha infância, a fruta que como com os olhos antes de
a saborear, a preferir doces no Natal apenas de Natal e a reservar o direito de
admissão na minha mesa de Natal de doces e iguarias que se comem o ano inteiro,
banir mousse de chocolate e arroz doce, e o prazer de cheirar tudo antes de
comer, assim se me permitisse o devaneio. A minha cara-metade continua a gostar
de carne, ó se gosta, é ele o móbil das minhas incursões na carne, a detestar
vegetais, a comer pouco e a preferir as sobremesas da infância: mousse de chocolate
e molotof. Acontece também que, embora a cozinha nunca me tivesse assustado,
molotof e mousse de chocolate não faziam parte do meu património gastronómico
nem do meu repertório culinário. A mousse de chocolate não ofereceu resistência.
Depois de uma ou duas vezes estava dominada e eu encartada na arte de a fazer.
Simples e fácil. Com o molotof não posso dizer o mesmo. Caprichoso e
temperamental, este pudim leve como as nuvens abraçado pela intensidade do
caramelo não se deixava dominar. Ora baixava muito ora criava uma coroa no
fundo da forma ora acontecia outra fatalidade qualquer que impedia o triunfo e
a vitória do meu molotof ou talvez a minha própria vitória. Anos de tentativas.
Um dia não muito longe o meu consorte viu a sua sorte mudar. Depois de umas
voltas aqui pelos blogues descobri a receita perfeita de molotof. Experimentei,
uma, duas, três vezes. Correu sempre bem, dando-me esta satisfação indizível de
ter, por fim, vencido uma luta que julgava perdida. O facto de o ‘meu’ molotof
ser mais conseguido do que a progenitora do meu consorte também terá contribuído
para este sentimento de vitória mas eu não seria capaz de uma coisa dessas. Ou seria?
Ingredientes para um molotof volumoso
14 claras de ovos
14 colheres de sopa de açúcar
Açúcar para o caramelo (a gosto)
Preparação
Pré-aquecer o forno a 200º.
Barrar muito bem uma forma de bolo com margarina. A seguir, o caramelo. Como
não gosto do caramelo de compra e desconfio quase sempre de coisas
pré-confeccionadas quando as posso fazer eu, faço sempre o caramelo para
qualquer bolo e nunca uso o de compra. Numa frigideira colocar açúcar. Para
este molotof terei posto umas dez colheres. Levar a lume médio, mexendo sempre.
Quando ficar dourado acrescentar um pouco de água, umas duas colheres de sopa,
e continuar a mexer. Ir repetindo a operação até o caramelo atingir a
consistência desejada. Não deve ficar muito espesso, irá solidificar assim que
começar a arrefecer e fica impossível de adicionar às claras.
Agora as claras. Bater muito bem
as claras. Quando estiverem já em castelo acrescentar o açúcar pouco a pouco.
Bater sempre muito bem entre as adições de açúcar. Por fim, envolver o
caramelo. Deitar na forma e bater com a forma na bancada da cozinha ou na mesa
para deixar sair o ar e não haver bolhas ao cozer. Levar ao forno 14 minutos
exactos. Desligar o forno e pôr uma colher de pau na porta para a deixar
entreaberta apenas. Deixar arrefecer dentro do forno e só depois desenformar. Caso
seja necessário fazer mais caramelo e deitar por cima ou outro molho como doce de ovos.
Dicas:
- A quantidade de claras dita o tempo de forno e a quantidade de açúcar na mesma proporção. Assim, se tivermos dez claras, devemos adicionar dez colheres de sopa de açúcar e o molotof deve ficar dez minutos no forno.
- Deixar amornecer o caramelo e só depois envolve-lo nas claras.
- Bater as claras em castelo bem firme.
- Deixar arrefecer o molotof no forno. Não o retirar nem abrir totalmente a porta do forno enquanto estiver quente.
Não sei onde encontrei esta
receita mas agradeço à blogger que a postou. Infalível.
14 comentários:
Seria, seria... :))
Lindo texto como de costume. E posso assegurar que o molotof estava uma maravilha. Experimentem a receita e pode ser que também fiquem experts em molotof. Eu, por mim, não me atrevo :)))
Uma beijoca
Perfeito amiga, acho que aprendi umas dicas contigo, obrigada...bjokitas
É DAQUELAS COISA QUE ME SAI SEMPRE MAL, JÁ DESISTI DE FAZER.
O TEU FICOU UMA DELICIA, ``ROUBAVA ``JÁ ESSA FATIA,ESTA PERFEITA.
BOA SEMANA
BJS
Os molotofs nunca me saiam bem até ter descoberto esta receita. Experimentem, meninas, vão ver que corre bem. O meu marido gosta tanto que foi o bolo de aniversário dele.
Beijinhos :)
Ahahaha, teimosita, seria pois ;-)
Beijinhos
Leonor, nunca eu consegui competir com o Molotof da minha sogra ! Ela fá-lo na perfeição e o meu nem sempre sai bem devido a uns erros que cometo, confesso...
Ultimamente a coisa tem corrido melhor, vou anotar estas suas dicas e experimentar para não falhar ! .-)
Linda cor adquiriu essa fatia que fez, muito provocadora, eu diria até !
Perfeita pois, no seu final !
Beijinhos
Meu deus, Leonor, eu adoro Molotof, e este tem um aspecto divinal!
Isabel, eu também era um caso perdido até ter encontrado esta receita. Não há sogra que me assuste agora :)))) O meu único problema é calcular a quantidade de açúcar para o caramelo.
Beijinhos e obrigada
Cristina, este ficou mesmo superlativo porque levou muitas claras. Foi um pedido especial e feito com todo o enlevo. Também ajuda :)
Beijinhos
Lindo texto como de costume Leonor :)
Serias?
O temperamental molotof foi dominado!
Um beijinho.
Obrigada, Ginja :)
A minha mãe, que é a teimosita do primeiro comentário, diz que sim :))))
Beijinhos
esta fatia de molotof está simplesmente divinal. Adoro molotof e este ficou soberbo.
Beijinhos
Olá Ricardo,
É o primeirO a comentar neste blogue! É uma honra recebê-lo aqui.
Pode experimentar a receita que se seguir os passos todos resulta. Foi uma vitória para mim.
Beijinhos
vai ao forno em banho maria?
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