Gosto de me ver como uma não nostálgica com a mania de que o passado deve ficar arrumado lá onde acomodamos com carinho o que já nos serviu, o que fez de nós quem somos mas que deve repousar no berço das coisas adormecidas, embalado por memórias felizes de tempos que não voltam. Gosto de olhar para mim como alguém que olha para a frente, mais para a frente e muito pouco para trás. Acontece que entre o que achamos que somos e o que somos na realidade existe um hiato. Dias há em que pensamos que o conseguimos resolver e outros em que o sentimos como um rio intransponível e a outra margem, a margem que achamos que somos, incapaz de ser alcançada. Acontece muito.
Fui chamada ao passado pelos morangos quando um destes dias me cruzei com eles nos meus afazares domésticos. Carnudos, vermelhos e aromáticos são um festim para esta que come com os olhos e tem faro de perdigueira, uma falta a que não sei fugir, e fiquei incrivelmente nostálgica dos tempos em que havia fruta da época anunciada nos menus dos restaurantes, porque na verdade a única fruta disponível era a da época.
Nesses tempos, a fruta da época abria sempre um novo ciclo e a espera por esses momentos era feita com labor e ansiedade, a felicidade suprema quando os primeiros frutos surgiam nas bancas da praça, sem formatações nem brilhos adicionados, com os defeitos com a que a natureza os tinha parido. Laranjas e maçãs eram sempre fruta de Inverno, de recolhimento, aquecedores e humidade, e manhãs de nevoeiro gótico por aqui onde o sol se enchia de caprichos de fêmea e fazia aparições esporádicas de diva dominadora. Uvas eram fruta de Outono, o indício de que um tempo acabara. O tempo das tardes e noites longas, de roupas leves e corpos soltos. Um ciclo de inconsequências e felicidades efémeras, a transitoriedade do que se quer eterno chegara ao fim. Antes das uvas e das laranjas e maçãs, havia morangos e depois dos morangos, os pêssegos e as ameixas coroadas com o zénite do Verão. Os morangos marcavam o início do tempo quente, como eu gosto, a alvorada do sonho e a promessa de levezas várias, despreocupações múltiplas de corpos ao sol, tisnados de salgadiço, perfumados de maresia e beijados longamente pelo sol em tardes sem fim no areal imenso que me viu crescer. Que saudades do tempo dos morangos. Desse tempo de morangos. Do meu tempo de morangos.
Nesses tempos, a fruta da época abria sempre um novo ciclo e a espera por esses momentos era feita com labor e ansiedade, a felicidade suprema quando os primeiros frutos surgiam nas bancas da praça, sem formatações nem brilhos adicionados, com os defeitos com a que a natureza os tinha parido. Laranjas e maçãs eram sempre fruta de Inverno, de recolhimento, aquecedores e humidade, e manhãs de nevoeiro gótico por aqui onde o sol se enchia de caprichos de fêmea e fazia aparições esporádicas de diva dominadora. Uvas eram fruta de Outono, o indício de que um tempo acabara. O tempo das tardes e noites longas, de roupas leves e corpos soltos. Um ciclo de inconsequências e felicidades efémeras, a transitoriedade do que se quer eterno chegara ao fim. Antes das uvas e das laranjas e maçãs, havia morangos e depois dos morangos, os pêssegos e as ameixas coroadas com o zénite do Verão. Os morangos marcavam o início do tempo quente, como eu gosto, a alvorada do sonho e a promessa de levezas várias, despreocupações múltiplas de corpos ao sol, tisnados de salgadiço, perfumados de maresia e beijados longamente pelo sol em tardes sem fim no areal imenso que me viu crescer. Que saudades do tempo dos morangos. Desse tempo de morangos. Do meu tempo de morangos.
Mousse de morangos
Ingredientes
1 lata de leite condensado
1 lata de leite condensado
4 iogurtes gregos naturais sem açúcar (usei marca branca)
6 folhas de gelatina
500 g de morangos + morangos a gosto
Bolacha torrada
Preparação
Demolhar as folhas de gelatina em água fria. Lavar os morangos e reduzi-los a puré numa liquidificadora. Bater o leite condensado com os iogurtes. Juntar o puré de morangos. Derreter as folhas de gelatina em água a ferver e incorporá-las depois de bem diluídas no preparado anterior. Deitar tudo numa taça e adicionar por cima morangos cortados em cubos pequenos. Levar ao frigorífico de um dia para o outro. No momento de servir, moer bolacha torrada a gosto e espalhar por cima.
Demolhar as folhas de gelatina em água fria. Lavar os morangos e reduzi-los a puré numa liquidificadora. Bater o leite condensado com os iogurtes. Juntar o puré de morangos. Derreter as folhas de gelatina em água a ferver e incorporá-las depois de bem diluídas no preparado anterior. Deitar tudo numa taça e adicionar por cima morangos cortados em cubos pequenos. Levar ao frigorífico de um dia para o outro. No momento de servir, moer bolacha torrada a gosto e espalhar por cima.
7 comentários:
Leonor, também fico nostálgica com esse tipo de coisas. E ainda hoje aguardo por aqueles morangos do canteiro, os mais docinhos e imperfeitos :)
Linda mousse, adoro sobremesas com morangos.
Um beijinho.
Olá Ginja,
Sabiam-nos melhor também porque eram esperados e ansiados :)
A base da mousse dá para fazer com outras coisas, dependendo do gosto de cada um. É a mesma que uso para mousse de manga. Às vezes junto-lhe natas batidas para a textura ficar mais fofa.
Beijinhos e bom domingo
Já cá estou :) e cheguei mesmo a tempo de conhecer um blogue que pelo que já andei a ver muito bom. AS fotos estão muito bem tiradas. E claro esta sobremesa fácil de fazer e decerto deliciosa, quem sabe me inspira :)
Já cá estou :) e cheguei mesmo a tempo de conhecer um blogue que pelo que já andei a ver muito bom. AS fotos estão muito bem tiradas. E claro esta sobremesa fácil de fazer e decerto deliciosa, quem sabe me inspira :)
Olá :)
Bem-vinda :) Obrigada pelo elogio das fotos. É o mais difícil para mim, mais difícil que cozinhar.
A sobremesa é fácil e bem fresca para estes tempos de calor.
Beijinhos
ENCONTREI-TE POR ACASO E ADOREI.
ESTA MOUSSE DE MORANGOS ESTA DIVINA.
VOLTAREI...
BJ
Olá São,
já vou o teu blogue na minha lista de blogues ali ao lado.
Obrigada pela visita :)
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