Sábado é dia de suavizar o regime
alimentar a que me impus e prevaricar moderamente. Cinco e meia da tarde e ponho-me de desejos ‘apetecia-me
um doce’. Dou voltas à cabeça. Debato-me entre o cumprir e prevaricar. Penso
alto ‘apetecia-me uma coisa doce’. Respondem-me em sintonia. Sim, um doce para
finalizar ficaria mesmo bem. Começo a rever mentalmente receitas rápidas e a
excluir o que não se aplicava nem correspondia aos nossos desejos. Não era um
bolo, demasiado pesado para um sábado à noite, não tinha tempo para uma mousse,
não havia tempo para assentar, apurar a consistência, gelados estavam fora de
questão, crumbles, tartes e cobblers idem, não havia fruta em casa que se
prestasse a qualquer um e não agradaria aos dois. Posto isto, fui continuando na senda dos apetites,
excluídos que estavam os desapetites e impossibilidades. E lembrei-me: assim
algo leve, a derreter na boca que finalizasse a refeição sem deixar a sensação desconfortável
de enfartamento. O segundo passo foi usar o que tinha em casa. Era tarde, não
me apetecia sair sob pena de comprometer o jantar, e teria de me orientar
usando o que havia em casa e o que havia era açúcar, ovos, farinha, chocolate.
E claras. No frigorífico havia claras esquecidas que havia guardado para uma pavlova talvez. Entre claras, leveza e indulgência algo se havia de arranjar. O
resultado foi o que se vê. Molotof reinventado ao qual prefiro chamar soufflé
de caramelo. Singelo, em doses individuais, leve e a derreter-se na boca.
Passou a ser um preferido cá em casa. Quase começo a duvidar se o molotof tradicional não terá sido
destronado por este momento de reinvenção aguda. Menos é mais. Menos
ingredientes foram muito mais. Açúcar, claras e a dose de sempre de entrega.
Soufflé de caramelo
Ingredientes
4 claras à temperatura ambiente
4 colheres de sopa generosas de
açúcar
Margarina
Açúcar demerara
Para o caramelo
5 colheres de sopa de açúcar bem cheias
3 colheres de sopa de água
Preparação
Pré-aquecer o forno a 180º.
Untar 4 ramequins com margarina e
revestir com o açúcar demerara.
Fazer entretanto o caramelo. Pôr
ao lume numa frigideira o açúcar com a água e deixar caramelizar. Desta vez
deixei o caramelo ficar escuro. Juntar um pouco mais de água se necessário. Não mexer. Fazer apenas movimentos circulares com a frigideira e o caramelo far-se-á por si próprio. Deixar arrefecer um pouco.
Bater as claras em castelo. Quando
começarem a formar picos adicionar uma colher de sopa de açúcar de cada vez, batendo a cada
adição. Quando as claras estiverem bem firmes e sedosas, juntar um pouco de
caramelo e bater com a batedeira. Deitar o resto do caramelo cuidadosamente em pequenas porções e
envolver com uma espátula. Deitar nos ramequins e levar ao forno 10 minutos. Desligar
o forno findo esse tempo e deixar arrefecer ou amornecer dentro do mesmo sem o
abrir nunca.
17 comentários:
É maravilhoso - delicioso ao paladar e lindo à vista. Experimentem. :)
Obrigada :) Mil beijocas, minha mãe.
Leonor,
soufflé ou molotof, adoro os dois, mas adorava mais se estas tacinhas estivessem ao meu alcance :)
A criatividade anda de mãos dadas com a necessidade :)
Bjns
Isabel
Ai que maravilha, Leonor e tão simples. Excelente para aqueles dias em que apetece mesmo uma coisa doce.
;)
Fiquei a gostar mais deste, Isabel. Como não se tiram da forma o caramelo fica mais intenso e mais saboroso. No dia seguinte estavam bons na mesma. Estava com medo que ficasse demasiado caramelo no fundo, mas não.
Vem, vem que faço mais ;)
Beijinhos
Muito simples, Loca e ao contrário do molotof não foi preciso arrefecer totalmente.
Obrigada :)
Leonor, Leonor, Leonor... estou literalmente a babar. Um grande beijo!
Leonor, Leonor, Leonor... estou literalmente a babar. Um grande beijo!
Leonor,
Parece que me estou a ver em casa na indecisão da receita que se adapta às circunstâncias, às condições, ao tempo e ao que resta no frigorífico/armários.
Tenho a certeza que estava delicioso! Leve e doce. É por isso que adoro sobremesas com claras! Tem óptimo aspecto!
Muito obrigada pela tua visita!
Beijinho,
Aida
Olá Leonor,
Molotof ou Soufllé, pouco interessa aqui o nome. O que verdadeiramente interesa é o aspecto muito tentador dessas tacinhas de claras e açúcar, às quais não se consegue resistir.
Uma receita simples e óptima para matar o bichinho da "gula". ;)
Beijinho.
Obrigada, Susana :) beijinhos
De nada, Aida, pode parecer incrível mas não sabia qual era o teu blogue :( uma vergonha.
Foi mesmo a indecisão, nada nos agradava até que me surgiu esta ideia. Certamente alguém já teve antes mas que fica muito bom é verdade.
Beijinhos
Olá Célio,
A técnica é a mesma do molotof com diferença no tempo de cozedura e no ponto do caramelo e no facto de ficar no ramequim. Como dizes é bem fácil :)
Obrigada pela visita.
Beijinho
Que bela sobremesa.
Bjs, Susana
http://tertuliadasusy.blogspot.pt/
https://www.facebook.com/Tertuliadasusy
Obrigada, Susana :)
Oh amiga prevaricadora ( lol ),q ue seria de nós se não cometessemos estes pecados de quando em vez ?
São necessários, fazem bem à alma e satisfazem o corpo deixando-nos felizes ! :)
Já me deixaste de água na boca só ao ler a descrição, agora imagina que tinha uma dessas tentadoras e lindas tacinhas à frente...
Ah... uma só ? Nãã... prevarico mais que tu ! :) :)
Beijinho grande querida
Ahahahahahahah
Olha, estas taças são enormes. Tenho sempre mais olhos que barriga e quando as fui comprar havia até umas mais bonitas em vermelho como eu gosto, mas achei-as pequenas. Enganei-me ;) Já lá fiz outra sobremesa e um soufflé de queijo e são quase uma refeição.
Beijinhos grandes e obrigada pela visita, querida Isabel :)
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