Na cozinha como na vida gosto de
gente despretensiosa e odeio pessoas com manias e presunções e que, muitas
vezes, se coloca acima dos demais. Em várias áreas da minha vida mantenho o
mesmo gosto pela despretensão, e não digo pela simplicidade porque, na verdade,
e no que toca a gostos, tenho dias em que a máxima ‘less is more’ não se aplica
e me sinto barroca, excessiva como o barroco, apetece-me cores e arrebiques. Na
cozinha, raramente me sinto barroca, arriscaria a dizer que nunca tal me
acontece e se não o faço é porque nunca é sempre demasiado definitivo,
demasiado drástico. Agora que os canais de cozinha vão fazendo parte das
rotinas televisivas, a minha escolha recai sobre chefs que falam com o comum
dos mortais e tornam a culinária uma arte acessível a todos, simples e
tranquila, assim o tempo o permita, e exequível. Os Hairy Bikers incluem-se
nesta categoria, embora, confesso, fossem tão despretensiosos que quase duvidei
da sua eficácia culinária. Rendi-me com o Bakeation. Gosto do trocadilho do
título e, amante de viagens como sou, esta ideia peregrina e mitificada de
andar de mota pela Europa cabelos ao vento, parando aqui e ali para cozinhar e
falar com os locais preenche sonhos antigos de adolescente, nesse tempo sem a
parte da culinária. Quando um destes dias os apanhei em Itália e degustar uma focaccia em Veneza rendi-me e, mesmo sem Veneza no horizonte, meti na cabeça
que havia de fazer uma ‘coisa’ daquelas. Foi hoje. Começou ontem com a compra
dos ingredientes, continuou com uma ida à loja mais próxima para comprar a
forma, seguiu-se uma longa e sofrida espera com os tempos de levedação e
sucedeu-se uma admiração de Pigmalião perante o produto final. Depois foi tirar
do forno, esperar que arrefecesse um pouco e partilhar com a alegria da
novidade no mais simples dos prazeres repartidos. Um bocadinho com a vida.
Focaccia
Ingredientes
Para a massa:
500 g de farinha Pão Caseiro da
Nacional
7 g de fermento de padeiro em pó
1 colher de chá de açúcar
1 colher de chá de sal refinado
2 colheres de sopa de azeite
300 ml de água morna
Para a cobertura:
3 colheres de sopa de azeite
Sal grosso
Pimenta preta acabada de moer
1 colher de sopa de rosmaninho
picado grosseiramente
Azeitonas a gosto
Presunto da Baviera
Preparação
Numa tigela larga deitar a
farinha, o fermento, o açúcar e o sal e envolver. Misturar o azeite com a água.
Abrir uma cova na mistura da farinha e juntar a água e o azeite. Mexer com um
garfo e depois unir com as mãos até formar uma bola.
Numa superfície com farinha
amassar 5 minutos até a massa ficar suave e macia. Transferir para uma tigela
larga untada com azeite e cobrir com uma película aderente também untada com
azeite, em alternativa, untar levemente a superfície da massa com azeite e
cobrir com a película. A quantidade de azeite deve ser mínima. Deixar levedar
durante uma hora num local ameno até ter dobrado de tamanho. Findo esse tempo, transferir para uma superfície
com farinha, amassar com os nós dos dedos e formar um rectângulo grosseiro.
Transferir para uma forma anti-aderente previamente untada com azeite e empurrar
suavemente até a massa cobrir os cantos. Tapar com um pano e deixar descansar
mais meia hora num local quente. Neste momento, pré-aquecer o forno a 220º.
Depois dos 30 minutos, fazer
covas na massa com os dedos, cobrir com o azeite, polvilhar com sal e pimenta
preta acabada de moer e o rosmaninho. Colocar as azeitonas e o presunto da
Baviera. Levar ao forno 15 a 20 minutos.
Notas:
- Na receita original a farinha usada é farinha branca.
- A cobertura pode ser diversificada e ao gosto de cada um. Usei presunto da Baviera porque tinha em casa e achei que casaria bem com o resto. Não me enganei.