A proliferação de programas e
canais de culinária foi das piores e das melhores coisas que me podiam ter
acontecido. Melhor porque enriqueceu substancialmente este meu gosto de
misturar sabores, mostrou-me uma panóplia de chefs que desconhecia, contribuiu para corroborar algumas certezas
sobre a cozinha e estimulou a variedade cá por casa. Não me tenho dado mal. Só
vantagens. A parte menos boa é que as experiências culinárias passaram a ser sujeitas a um
veredicto certeiro depois da incursão em palatos alheios. Desconfio que o apuramento de olfacto e paladar que tanto
me caracterizam terá passado por osmose para o meu consorte. Adquiriu os tiques
todos, a linguagem adaptou-se ferozmente e ‘flavour’ passou a ser a palavra
eleita. O momento Masterchef do dia é seguido de grande risada mas de vez em
quando sou avisada de que teria sido ‘chopped’ ao que respondo que aqui a minha
modesta cozinha não está a concorrer para nenhuma estrela Michelin e que Michelin
cá em casa só mesmo uma protuberância que me envolve a cintura. A minha grande
e enorme sorte é que, por via da minha profissão, estou habituada ao escrutínio
implacável de trinta almas que mudam a cada noventa minutos. Se fosse rapariga
fraca de nervos e comichosa nas opiniões alheias ter-me-ia já debulhado em
amuos mas se fosse rapariga pródiga em amuos jamais este post veria a luz do
dia. Esta receita que hoje publico passou coxa no crivo selectivo. A ganache.
Dizem-me que ficaria melhor sem ela. Teimei. Não pode. Sem ganache fica
sensaborão. Mas quem sabe se a tivesse substituído por doce de frutos vermelhos
não ficasse pior. Há que ouvir a crítica. E seguir a intuição. Doce de frutos
vermelhos na próxima. Serei ‘chopped’?
Torta de chocolate
Ingredientes
Para a torta:
250 g de farinha com fermento
2 ovos
2 dl de leite
6 colheres de sopa de açúcar
6 colheres de sopa de chocolate
em pó
50 g de manteiga.
Para a ganache:
Meia tablete de chocolate
culinário
2 colheres de sopa de açúcar
1 colher de sopa de manteiga
150 ml de natas
Confecção
Pré-aquecer o forno a 200º.
Forrar um tabuleiro com papel vegetal anti-aderente.
Numa tigela misturar os
ingredientes secos. Fazer uma cova no meio e deitar os líquidos. Com a
batedeira em velocidade baixa, misturar todos os ingredientes até ficar uma
massa homogénea. Não bater demasiado. Deitar no tabuleiro e levar ao forno
cerca de doze minutos.
Enquanto a massa coze, partir o
chocolate em pedaços pequenos e derreter com a manteiga e o açúcar. Juntar as
natas e mexer até ficar um creme liso e brilhante.
Desenformar a torta sobre um pano
ou rectângulo de papel vegetal polvilhado com açúcar. Barrar com uma parte da
ganache e enrolar. Colocar na tarteira e regar com a restante ganache. Deixar
arrefecer e nham nham.
Receita tirada de uma "Saberes e Sabores" do tempo em que eu ainda comprava revistas de culinária. Gosto muito desta torta. É pouco doce, meio húmida, fica ainda melhor no dia seguinte e é muito fácil de fazer.
10 comentários:
Olá Leonor,
Estou como tu, não concorro a nenhuma estrela Michelin e cá em casa basta-me o escrutínio da família, mas quando a colocamos ao público ele sabemos que a opinião pode divergir.
Não há que ter medo, com uma torta deliciosa destas, qualquer escrutínio é pera doce :)
Talvez com o doce ficasse muito bem, mas de certeza que assim como a fizeste ficou super bem :)
Bjns
Isabel
É brincadeira cá em casa, mas a verdade é que os palatos se apuraram imenso :) Quem gosta de cozinhar está sempre sujeito ao escrutínio e é com ele que apuramos também o que vamos fazendo.
Para a próxima vou experimentar com doce de framboesa no meio mas mantenho a ganache. Já me tinha passado isso pela cabeça antes.
Beijinhos
De forma alguma. E a ganache parece-me que faz a diferença ;)
Também ando para experimentar uma torta de chocolate e caramelo mas como sou um autentico desastre a enrolar tortas, tenho vindo a adiar... ;)
O problema é a enrolar esta foi que a forma talvez devesse ser maior para a torta ficar mais fina, mas só tenho mesmo esta cá em casa :)
Beijinhos
Oi querida Leonor,
Adorei esta tentação de torta.
Passa pelo meu blogue que tenho um miminho para ti.
Bjnhos e uma semana "fabulástica".
http://saborescomtempo.blogspot.pt/
Que rica torta! Desculpa mas não me ocorre outra expressão para descrever tal maravilha. Ganache, ganache, ganache, o meu voto está dado. Nem pensar em mais nada!
Quanto aos programas culinários é de facto uma praga que tornando-se, por vezes, cansativa, nos veio ajudar a sermos Master Chef da nossa cozinha.
Beijinho e bom Domingo
Maria
A ganache parece-me aí muito bem! E se juntares (não substituíres, atenção :P) doce de frutos silvestres, melhor ainda ;)
Só a parte do "pouco doce" é que me deixou na dúvida :)
Olá Manuela,
Com um enorme atraso responderei. Muito obrigada pelo carinho :)
Um dia ainda vou fazer tipo Sachertorte: dou-lhe uma barradela de compota de alperce e depois ganache :)
Eu gosto dos programas culinários, Maria, e se se levar na brincadeira (o objectivo também não é outro) corre tudo bem.
Beijinhos
É isso, fantasminha, juntar :)
A massa é que não é muito doce mas fica no ponto com a ganache.
Beijinhos
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